reconhecer o território

Com olhares atentos e sensíveis, crianças e adolescentes  possuem seu próprio entendimento do território. Para acessar esse olhar, o CoCriança, coletivo parceiro do projeto, criou oficinas que proporcionam a elas a oportunidade de reconhecerem em si o potencial de observadoras e agentes ativas do espaço, fortalecendo suas narrativas sobre o território. Ao longo da atividade, eles foram convidados a expressar suas percepções sobre aspectos socioambientais e históricos da Comunidade do Jupuubinha através da construção de mapas lúdicos com diferentes temáticas. 

O primeiro dia de atividade começou com uma meditação, para conectar as crianças e os adolescentes com a paisagem local e com os cenários que percorrem cotidianamente. Suas memórias sobre a vegetação e os animais foram reforçadas, trazendo atenção aos sentidos despertados pela natureza. Após esse primeiro momento, eles receberam uma base de mapa com referências essenciais do território - o rio, a escola e a estrada que conecta a zona urbana com a comunidade - e, assim, iniciou-se a etapa de exercícios. 

Divididos em três grupos, as crianças e os adolescentes foram convidado a fazer o primeiro mapeamento, pelo qual eles identificaram e espacializaram elementos da natureza vegetal e animal da comunidade, chamado mapeamento natural. Dessa forma, o projeto pôde conhecer como a criança e o adolescente se relacionam com a paisagem local e como a transformação dele afeta essa relação. No segundo dia, foi proposta uma reflexão sobre a história da comunidade do Juupubinha. Participaram da atividade três lideranças locais que, por conhecerem e representarem a história da comunidade, puderam conversar e responder perguntas das crianças e dos adolescentes sobre histórias e lendas. Na produção dos mapas, cada um dos grupos contou com a presença de um dos convidados, que auxiliaram na produção do mapa histórico. O resultado evidenciou a importância do folclore brasileiro para o imaginário daquelas crianças e adolescentes, que contaram suas histórias através de contos da cultura popular local. No último dia de atividades, introduzimos uma nova base de mapa, que passou a contar com elementos que as crianças e os adolescentes identificaram como importantes nos mapeamentos anteriores, como os igarapés e a igreja. Com eles já estavam familiarizados com os mapas e com a representação dos elementos do território, eles ficaram livres para trazerem ao mapa mais elementos que consideravam importantes para compreensão da cultura e do território do Jupuubinha.

O resultado foi um mapeamento afetivo, que traz elementos mais sensíveis do cotidiano, como casas de suas famílias e amigos, moradores da comunidade, vendinhas, galinhas e porcos dos quintais. Finalizamos o dia e as atividades com uma confraternização de todos os participantes com adultos, os participantes do projeto A Casa de Açaí e o CoCriança. A fim de deixar um objeto simbólico daquilo que foi construído em conjunto, foi produzido, em pano, uma Árvore dos Sonhos do Jupuubinha. A árvore-símbolo foi escolhida com base no mapeamento dos elementos da natureza - um açaizeiro. Os pedaços de pano que representavam as folhas foram entregues aos participantes, que em uma tarde escreveram seus sonhos para a comunidade e os adicionaram à árvore. A representação da árvore foi entregue para a escola como um presente simbólico da construção coletiva que se deu durante a imersão realizada pelo A Casa de Açaí.